Por Renata Kurisu
Especialista em Conteúdo
O live-action de Mulan estreou dia 4 de setembro no Disney+ e dividiu a opinião de muitas pessoas. Querendo corrigir uns erros do passado que foram apresentados na animação, o estúdio estadunidense decidiu criar uma produção voltada para a China – considerado o segundo maior mercado cinematográfico do mundo.
Só que a inserção de novos personagens e um toque mágico na protagonista acabou deixando o público chinês decepcionado e afirmando que a versão animada era mais respeitosa à lenda original. A maior antagonista do filme é uma bruxa obstinada a mostrar sua força e provar que mulheres podem ter um papel importante.
A ideia pode ser interessante, mas em nenhum momento da história de Mulan ou da cultura chinesa bruxas desempenham papéis de destaque ou sequer existem. Sendo isso apenas mais um elemento da cultura ocidental inserido em um conto da China. Existem outros inúmeros problemas que foram levantados por portais de notícias e threads no Twitter por chineses e sino-americanos, por exemplo.
Os que não conhecem muito bem sobre o verdadeiro folclore da guerreira apontam que com altos e baixos, a produção entretém apesar de pecar em um detalhe importantíssimo: a ausência de emoção. A trama acaba sendo apresentada de forma corrida e não consegue criar uma relação de empatia com o espectador.
Cenas icônicas como a partida de Mulan na calada da noite após cortar o cabelo e o aprendizado dela no acampamento são transformadas em sequências cruas, onde o público não consegue sentir o conflito que a personagem está vivendo e nem o seu grande momento de superação.
Ainda assim, a Yahoo divulgou dados exclusivos de uma empresa de pesquisa mostrando que, mesmo dividindo a opinião dos fãs, é estimado que cerca de 29% dos domicílios nos EUA que assinam o Disney+ decidiram pagar 30 dólares para assistir ao longa até 12 de setembro.
Essa informação acaba revelando que a obra superou outros títulos populares e ‘gratuitos’ dentro da plataforma de streaming e pode ter arrecadado, no mínimo, 261 milhões de dólares em nove dias em lares norte-americanos.
Mesmo que esses números ainda não sejam oficiais do estúdio, mas sim uma estimativa do verdadeiro resultado, a diretora financeira da Walt Disney Company Christine McCarthy comentou que o conglomerado está muito satisfeito com o que analisaram até então.
Se o excelente desempenho de Mulan for comprovado, uma outra problemática vai surgir nos próximos meses: como as redes de cinemas mundiais vão competir com as grandes produtoras lançando seus originais em canais próprios na internet?