As campanhas de marketing e as vacinas contra Covid-19

Por Liana Fernandes
Jornalista e Especialista em Conteúdo e Marketing Digital
Foto: Freepik

As notícias de algumas vacinas já aprovadas e sendo usadas contra a Covid-19 são mesmo fantásticas. Ainda mais levando-se em conta o tempo recorde de desenvolvimento e pesquisa em que a indústria farmacêutica realizou todo o processo. Mas a luta está apenas começando, já que parte da população mundial está seguindo o movimento antivacina. O que será que faz pessoas – que provavelmente foram vacinadas na infância – desacreditarem dos benefícios das vacinas? Algum contexto religioso ou cultural em relação aos seus ingredientes? O que mais desafia o fim da pandemia? E o que as agências de marketing podem fazer para incentivar a população a se vacinar?

No ano passado, a OMS ranqueou a escolha por não tomar vacinas entre as top 10 ameaças à saúde global. Uma pesquisa recente da Ipsos Mori sobre a Covid-19, feita em 15 países, revelou que a negação da vacina alcança, em média, 27% da população mundial. A pesquisa mostra ainda a queda na intenção de vacinação, entre agosto e outubro de 2020, em países como China, Brasil, Austrália e Espanha.

Esse cenário evidencia que o esforço de alguns governos e agências de saúde em informar e explicar a importância da vacinação pode não ser suficiente. Alguns estudos sugerem que apenas 60% da população mundial de fato tomaria a vacina contra o Coronavírus, mas especialistas dizem que, para acabar com a pandemia, 70%, no mínimo, deve ser vacinada.

Entretanto, outro desafio à vacina é a própria indústria farmacêutica. Sem dúvida, a necessidade de uma vacina contra o Covid-19 provocou uma corrida pela vida, mas também por rentabilidade e exposição da marca. Para tentar minimizar a tensão em cima de como as farmacêuticas ganham dinheiro, a Pfizer lançou a campanha “Science will win” (A ciência vai vencer), que mostra funcionários trabalhando noite adentro, tendo o narrador ao fundo dizendo que “a comunidade científica global está trabalhando em conjunto para vencer isso. Quando a ciência vence, todos nós vencemos.”

Ao mesmo tempo em que a ciência faz a sua parte, muitas agências de marketing que atuam em saúde estão trabalhando junto à OMS em estratégias de comunicação que incluem storytelling e influenciadores, desde celebridades do cinema e do show business até os digitais. Por meio de pessoas em quem o público confia, as campanhas tentam incentivar a vacinação e sensibilizar para a necessidade de lavar as mãos e usar os produtos para higienização corretamente. Um trabalho cuidadoso, para comunicar da melhor maneira o que deve ser feito.

Pesquisas indicam que, com as medidas de higiene adotadas até agora, já houve redução nos registros de contaminação por bactérias e pelo vírus da gripe. Logo, se as vacinas contra o Coronavírus estiverem disponíveis globalmente, o fim da pandemia vai depender da escolha das pessoas de tomarem ou não. A vacina é um produto. E é por isso que a indústria está aprendendo a tratar o indivíduo não como paciente, mas como consumidor, que escolhe o que acha melhor para si próprio.  

Para que a campanha de vacinação funcione, a abordagem deve fazer entender que a vacina é essencial para o bem-estar coletivo, não só individual. Faz parte do que chamam de medicina preventiva, quem toma não está doente, mas toma para evitar pegar uma doença e sentir as sequelas, e transmitir aos outros. Foi assim durante séculos de vacinas bem-sucedidas, que erradicaram doenças gravíssimas do mundo. Porém, as vacinas só funcionam quando grande parte da população as toma. E as pessoas só tomam vacina quando confiam nela. No caso das vacinas contra a Covid-19, as campanhas de marketing terão de atuar junto às agências de saúde na construção da confiança do consumidor, para que tenham o efeito desejado: o fim da pandemia.  

Campanhas de Natal de um ano atípico

Por Liana Fernandes
Jornalista e Especialista em Conteúdo e Marketing Digital
Foto:Toni Cuenca from Pexels

Diversas campanhas de Natal esse ano estão diferentes. Muito emotivas e nostálgicas. Como tudo em 2020, elas refletem mudanças, transformações necessárias, afinal, para muita gente, nem o Natal será como o de anos passados. Mas também é valido olhar o momento pelo ângulo comercial: muitas empresas estão apostando em vender conteúdo, e não produtos diretamente, para conquistar o coração do público.

Algumas marcas encorajaram a sustentabilidade por meio do conserto de um casaco velho, em vez da compra de um novo, como é o caso da Barbour (que aproveita para reforçar a qualidade de suas peças). Outras, como a Zalando, usaram muito bem o conteúdo emotivo para atingir seu alvo, com uma estratégia que vai rodar por toda a Europa.

As redes de supermercados ingleses também lançaram campanhas emotivas. A do Tesco diz que não há como considerar travessuras este fim de ano, enquanto a do Sainsbury’s apresenta uma família negra curtindo o Natal em um ano de episódios tão trágicos reportados no mundo todo. Seguindo a mesma linha de luta social, a The Body Shop está ajudando, com a sua campanha, a aumentar a conscientização sobre o número de mulheres sem-teto. Sem dúvida, para este ano não há outra saída para a publicidade que não seja a de anúncios emotivos.

Selecionei as três campanhas de que mais gostei até agora para compartilhar com vocês: Disney, Boots e John Lewis. A campanha da Disney desse ano tem o tema “From Our Family To Yours” (Da Nossa Família para a Sua, em português), e conta a história de uma avó, sua neta e as tradições da família que as unem ao longo dos anos. A animação vai rodar em 29 países e algumas lugares da Ásia, e marca os 40 anos de parceria com a Make-A-Wish, uma instituição de caridade infantil.

Campanha de Natal 2020 da Disney: From Our Family To Yours.

Para quem quiser contribuir de alguma forma com os propósitos dessa campanha, em favor da Make-A-Wish, a Disney disponibilizou algumas maneiras:

  • O Mickey Mouse de edição limitada apresentado na animação pode ser comprador nas lojas da Disney;
  • A música tema pode ser baixada (Love Is a Compass) até 31 de dezembro com 100% da renda doada para a instituição;
  • Os fãs da Disney que acessarem o Facebook, o Instagram ou o Twitter para compartilhar suas próprias memórias festivas do passado ou do presente usando #LoveFromDisney farão a empresa doar $ 1USD para a instituição (até $ 100.000).

A campanha da Boots é centrada em ações de gentileza. Com o tema “What the World Needs Now” (Do que o mundo precisa agora, em português), a marca reconhece que foi um ano atípico, e atitudes de cuidado e bondade são o que mais precisamos.

Por isso, a Boots vai doar produtos básicos de higiene no valor total de £ 1 milhão para o The Hygiene Bank, para algumas das milhões de pessoas no Reino Unido que vivem na linha da pobreza. A empresa também está convidando seus clientes a doar itens de higiene para apoiar os mais necessitados neste Natal.

Campanha de Natal 2020 da Boots: What the World Needs Now.

A campanha da John Lewis desse ano foi inspirada pela resposta dos britânicos à pandemia e pelos gestos de bondade que surgiram nas comunidades. A John Lewis e sua parceira Waitrose propuseram um tema de caridade em vez de presentes por meio da “Give a Little Love” (Dê um Pouco de Amor, em português). A campanha visa arrecadar £ 4 milhões para duas instituições de caridade: a FareShare, que dá suporte aos que enfrentam a fome, e a Home-Start, para pais e mães que precisam de apoio.

Campanha de Natal 2020 da John Lewis: Give a Little Love.